sábado, 31 de julho de 2010

É assim.

"Chamar alguém de feio não te deixa mais bonito;
ficar sem comer não te deixa um palito;
excluir uma pessoa não te torna mais popular;
não são as marcas que vão te rotular;
xingar alguém de gordo não te emagrece;
dizer que uma pessoa é triste não traz felicidade;
falar que alguém é fraco não te fortalece;
dizer que uma pessoa é metida não te traz a humildade;
falar que alguém é insignificante não te engrandece;
dizer que uma pessoa é falsa não te leva à verdade;
dinheiro não compra felicidade;
conhecer muita gente não é o mesmo que ter amigos;
ser famoso é diferente de ser querido;
sexy não é o mesmo que vulgar;
atração é diferente de amar."

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Vazio

Acordou e como todos os dias foi logo a varanda para checar o tempo. Viu que estava mais frio que normalmente, o que era meio incomum para sua cidade. Foi para cozinha e enquanto preparava o café analisava o apartamento organizado e limpo, assim como sua vida que a alguns meses se tornara tão metódica. Não havia mais as roupas dele jogadas no chão, a reclamação matinal diária do: "Que saco, essa toalha molhada em cima da cama!", o beijo de bom dia e seu sorriso que preenchia o ambiente e deixava a vida mais fácil.
Com o bule na mão pensou o quanto tudo havia mudado. Ela que sempre fora uma pessoa realista e sensata depois que o conhecera se tornara mais despreocupada, mais leve, mais relaxada. E olhando em volta viu que sua antiga situação e estilo de vida se repetia novamente, e isso fez seu peito sangrar pois não queria aquele vazio de volta, não queria o controle remoto como seu melhor companheiro.
Trabalha como contadora num escritório no centro da cidade, e isso revela novamente sua personalidade, já que nos números tudo é exato, não sobram fios fora do lugar, é ou não é. Não tinha muitos amigos no trabalho, e mantinha sempre o sorriso amarelo em todas as situações da tentativa de proximação dos companheiros.
Na volta para casa entrou novamente em seu carro para retomar a sua vida vazia. Passou no supermercado para comprar seu jantar, e quando caminhava vagarosamente fingindo escolher algum produto mas parou mesmo para tentar descobrir a música que tocava, viu uma mulher, provavelmente uma dona de casa, empurrando um carrinho cheio de compras, empurrados pelas mão raladas de quem cozinha para um batalhão. Isso a fez sentir ainda mais vazia, então foi ao setor de hortifruti e comprou vários kilos de batatas. Na fila do caixa olhava para o menino que empacotava suas compras com um sorriso do tipo: "Veja como não sou sozinha", mas observou que ele nem sequer tinha prestado atenção e parecia contar as horas para sair daquele ambiente para descansar. Depois do pequeno momento de insanidade, chegando no apartamento que não tinha um grão sequer de pó repousado em um móvel pensou o que faria com tudo aquilo...
A noite era sua pior inimiga. Não tinha mais um motivo para voltar, nem para QUEM voltar, ouvir reclamações do trabalho, a briga pela TV, as conversas e o sorriso que parecia várias bandeiras brancas pregadas lado a lado de maneira perfeita. Na madrugada fria não tinha mais quem a aquecesse e nem a quem aquecer, dar o "boa noite", quem beijar, sentir o calor da pele dele sobre a sua, e beija-lo estudando a geografia do seu corpo.
Continua...

sábado, 17 de julho de 2010

Lily Braun

Fomos recém-apresentadas e já me identifiquei de cara. Talvez ambas leiam romances demais, e esperam o homem dos sonhos que chegue em um cavalo branco, e nos trate como prioridade de sua vida. Talvez para ela tenha sido mais fácil a espera no Dancing do que para mim, seja pelo comportamento deles ontem e hoje, que mudou de uma maneira desabrida. Talvez em sua espera ela também almeja os olhos de quem comia fotografia, penetrante, arrebatador, que leve a uma viagem sem fim. Será que pra ela o sorriso é tão difícil quanto para mim? Será que ela sabia que ele voltaria e com convicção ansiou tanto que seus olhos não queriam perder nenhum milésimo de segundo para ficarem aficcionados na entrada? Porém ele veio. E começou claro, com o típico: "Posso te pagar uma bebida?" e mais ousada que eu, ela aceitou. E tudo foi se tornando tão bom, tão sutil e envolvente, tão fácil, que quando menos esperava ouviu as palavras que soaram como música para seus ouvidos: ANJO AZUL. Enfim alguém que realmente valeu a paciente e difícil espera e soube dizer o que ela realmente queria. E foi nesse instante que ela como anjo conseguiu alcançar o céu em sua imaginação. Porém fisicamente ela estava no mesmo estado que estivera antes da declaração, pois enfim queria saber se ele realmente valia o risco.
Convite lançado: cinema. E foram. Tudo foi perfeito. Rosa na mão, era como se o programa tivesse sido como ela sempre imaginou assistindo aos seus filmes no cinema ou como nos seus livros de romance e feito uma gema se desmilinguia toda.
De volta ao Dancing onde tudo começou abusando do Scotch a proposta: Seu corpo só dele naquela noite. Como usou um pedido desses? Com o xale no decote se foi decepcionada e esperou que viesse atrás dela pedindo perdões e perdões, com dez poemas e um buquê.
Enganou-se quem pensou mal das intenções dele: Queria ama-la como esposa, só como esposa. Lhe amassou as rosas, lhe queimou as fotos a beijou no altar. E como num sonho sua história foi contada cantada pelos maiores de sua música.


sexta-feira, 2 de julho de 2010

Escrever

“Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada.”
Clarice Lispector

Nessas sábias palavras que a ilustríssima, muito amada e admirada por mim, Clarice Lispector diz o que a escrita representa.
Para mim, escrever é se expressar, é a melhor parte de mim, nelas eu posso ser quem eu quiser sem medo. Algo que se desenrola tão suavemente que quando percebe-se pronto, já foi. Às vezes (na maioria delas) é preciso uma inspiração que vem assim do nada, simplesmente brota, surge e pronto. Talvez minha timidez impeça que mesmo escrevendo eu expresse todos os meus sentimentos, pensamentos e por aí vai, mas sei que o tempo vai me ajudar. E é esse mesmo tempo que a cada dia me deixa mais convicta que são nas palavras que eu quero estar, me dedicar, fazer delas meu ganha pão, e, mesmo sabendo que é um caminho incerto, arriscado vale todo o sacrifício e desafios da incerteza e medo.
Elas são tão importantes e prazerosas para mim que talvez nenhuma delas consigam expressar sua grandeza, porém a que chega mais perto seria AMOR. E é a esse amor que eu quero me dedicar.